sábado, 17 de abril de 2010
Ouvindo Deus
I Sm 17.40-52
Imagine a cena. Casa cheia, pessoas se acotovelando num frenesi eufórico, gritando o nome de seu favorito, fazendo apostas, um calor sufocante num ambiente extremo com pouca luz e tensão de uma grande expectativa de uma luta histórica. No centro do galpão, sob holofotes, o ringue, preparado para o que seria uma luta livre ou talvez o melhor estilo teatral e colorido do antigo "tele-catch". O apresentador sobe no ringue e se posiciona no centro do tablado, toma seu microfone, pigarreia, busca impostar a voz e começa a anunciar os oponentes.
- Do meu lado direito, quase três metros de altura, duzentos e cinqüenta quilos de músculos, temível, devastador e imponente guerreiro, tão forte que o peso de sua armadura e de seu armamento é impossível para qualquer homem normal suportar em batalha! Soldado forte, experiente, arrogante, seguro de si! Reconhecido como o imbatível e grande "campeão de Gate": Golias, o gigante filisteu!
O apresentador é interrompido pela ovação do público enlouquecido, delirante e incontrolado, gritando com toda força o nome de seu campeão enquanto este adentrava ao ringue, fazendo poses, caras e ameaças, expondo sem modéstia alguma seu físico avantajado. O clamor público ecoava assustadora e impressionantemente pelo galpão, assegurado de que o óbvio aconteceria, o espetáculo estava para ser oferecido à multidão que estava certa de quem seria o vencedor daquela noite. Com alguma dificuldade, o apresentador consegue retomar o controle daquele momento em meio ao barulho esmagador de sua torcida.
- Do outro lado, o rapazola, caçula e talvez por isso mesmo mimado, sequer tem idade para o serviço militar, adolescente franzino, de aspecto agradável, pastorzinho magricela que entende mesmo é de ovelha e capim. Na opinião geral, um moleque de recados, "leva-e-traz" de seu pai, mas nem por isso medroso Davi, o garoto de Israel!
Um segundo de silencio que parecia eterno é quebrado por uma gargalhada geral, pois a piada parecia mesmo muito boa. Quem é esse garoto comediante? "Ah, ah, ah, ah, ah!... muito boa mesmo... Tudo bem. Mas agora fala sério e manda logo um guerreiro de verdade porque estamos aqui pra ver uma boa luta", diria a platéia. Mas a ficha logo cai e tanto Golias como a platéia percebe que esse guri é mesmo o oponente. Ainda sem acreditar totalmente, o gigante olha para Davi com desprezo e diz com vozeirão arrogante: "Será que isso aqui é um circo pra vocês me virem com essa palhaçada? Vocês querem brincadeira, mas espera aí, seu moleque imprestável, que vou acabar com tua raça!" e começa a andar firme em direção a Davi, vociferando os palavrões mais cabeludos e fazendo questão de salientar o tanto que o garoto é fraco como um mosquito, enquanto a multidão efervescente, numa massa opressora gritava pela cabeça do garoto, esperando uma carnificina impiedosa.
Pronto. Agora é que lascou tudo mesmo. Quase três metros de puro músculo vindo com raiva na direção do garoto e aquela barulheira infernal que meteria medo em qualquer um... Qual seria a sua reação no lugar do menino? Peitaria o gigante e lutaria "de igual para igual"? Sairia correndo de medo? Ficaria paralisado de medo, de olhos estatelados, tremendo como uma vara verde enquanto molhava as calças? Acredito que estas duas últimas opções fariam mais sentido para quase todos nós aqui. Acredito que certamente seria o que faríamos no lugar do Davizinho. E aí está nosso problema.
Somos naturalmente prontos para ver, ouvir e acreditar naquilo que mais pode nos ameaçar (Jó 3.25), naquilo que mais nos mete medo. Se algo pode ameaçar nossa paz e estabilidade, nossa segurança, estamos prontos para ter medo:
a. dos garotos briguentos na escola;
b. de não sermos aceitos;
c. de levar um fora do(a) namorado(a);
d. do desemprego;
e. da doença e da dor;
f. da morte.
Às vezes até nos convencemos de que pode dar tudo certo, mesmo assim as circunstâncias ou os "conselhos de alerta" que ouvimos parecem maiores do que nossa pequena e insignificante fé. Tendemos a aceitar que os desastres que já aconteceram com outros nos sobrevenha do mesmo modo, senão pior.
Essa nossa natureza humana pessimista e miserável de ouvir e acreditar no pior é uma das mais fortes causas de não vivermos como vencedores, pois se estando em plena luta, eu acreditar no que meu oponente diz, que não vou vencer, que não sou capaz, sou vencido e entrego os pontos. Assim foi que Pedro não permaneceu andando sobre as águas (Mt 14.22-32). Deu crédito às circunstâncias, à voz das ondas: "Vou te engolir, Pedro! Vou te levar para o fundo do mar! Ah, ah, ah, ah, ah! Sou mais forte e comigo você não tem chances!". E Pedro, olhando em volta, acreditou naquilo e começou a afundar... isto lhe soa familiar? Duas vozes falavam com ele: Jesus e as circunstâncias. E ele decidiu ouvir e acreditar nas circunstâncias.
As circunstâncias, os problemas, os maus conselheiros, o pecado, o diabo, os falsos amigos estão à nossa volta o tempo todo ameaçando e gritando que você está frito, está perdido, não tem chances, que nunca vai dar certo, que tudo o que você faz dá errado e que você vai se dar mal. É o que Golias berrava para Davi. Todas estas coisas não apenas gritam, te lembram todas as vezes que você tentou, com boa intenção até, fazer o certo, mas que falhou, não conseguiu e levou a pior... e continuam dizendo que é assim que te acontece sempre! Além disso, se apresentam como gigantes, mais poderosas do que você, para te humilhar e esmagar e tragar.
Mas a voz de Deus te conta outra história. Com amor e paciência te diz para não ter medo (Js 1.7-9) e continua te encorajando: marche! Siga avante (Ex 14.15)! Golias gritava para Davi as piores ameaças, mas Davi já havia decido em quem iria ouvir e acreditar: no Deus Todo-poderoso cujo Espírito se apoderara dele (I Sm 16.13). Por essa razão não deu crédito ao gigante nem confiou em si mesmo. De todo coração, de toda alma e de todo entendimento creu em Deus e na sua palavra. Não deu a mínima para as circunstâncias. Nem o melhor soldado de Israel tinha coragem de lutar contra o gigante, mas Davi não decidiu enfrentar o gigante por si, ou pelas forças armadas de Israel, mas decidiu-se "em nome do Senhor dos Exércitos". Foi por ouvir e acreditar na voz de Deus que o rapazola venceu o gigante. Isso nos ensina que devemos passar mais do nosso tempo ouvindo a voz de Deus, do que ouvindo qualquer outra coisa. A quem ou o que você tem ouvido nestes últimos dias?
Muitos estão cansados de tentar, tentar, tentar e falhar e nunca conseguir vencer. Cansados de confiar em si mesmos e depois ver que sairam perdendo. Cansados de serem tragados pelas circunstâncias e de viverem longe de Deus. Mas é preciso se decidir. Decidir qual voz vai ouvir: a de Deus ou do gigante... a voz de Deus ou das ondas... a voz de Deus ou das circunstâncias... Deus ou os falsos amigos... A palavra de Deus diz em Sl 95.7 e 8: "Se ouvirem hoje a voz de Deus, não endureçam o coração..." Hoje você está ouvindo a voz de Deus... como Jesus a Pedro diz: "Vem". Entrega tua vida a Jesus hoje, assim como você está... com seus vícios... se sentido triste ou derrotado... com enorme peso sobre os ombros... Venha para Jesus. "Eu vos aliviarei", ele diz. É ele que salva, segura tua mão e te levanta, te livra da morte eterna.
Se um dia você aceitou Jesus, o Espírito de Deus também passou a habitar em você, mas você tem dado ouvidos a tudo e a todos, menos para a voz de Deus, o momento de se decidir em ouvir e acreditar na voz de Deus daqui para frente é agora. Se derrame no altar de Deus. Diga a Ele sobre sua decisão. Peça que Ele o ajude.
Deus o abençoe sempre.
Pr. Márcio Lopes
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